Victor Zacharias
A notícia parece surpreendente, mas é real, alguns deputados não querem mais se candidatar e procuram novas maneiras de participação política.
Primeiro me chamou atenção a carta do Deputado José Eduardo Cardoso do PT que firmou posição no sentido de não mais se candidatar a reeleição.
Depois no programa "Expressão Nacional" realizado pela TV Assembléia, vejo o José Eduardo acompanhado de mais dois outros deputados com a mesma intenção: Ibsen Pinheiro do PMDB e Fernando Coruja do PPS.
Meios de Comunicação e a Política.
Aqui os deputados falam sobre a reputação que é generalizada a todo Congresso. José Eduardo diz, "o problema não é denunciar o escândalo, isso é bom e saudável, é generalizá-lo".
Fernando Coruja entende que o político foi estigmatizado pela comunicação, porque há tempos o empresário era o vilão da sociedade e hoje é o politico. O que não é mostrado pelos meios de comunicação é que as péssimas características imputadas aos deputados são encontradas em proporções maiores no meio empresarial. Entre os poderes da república, a imprensa quase sempre está ligada o poder executivo, por um motivo: capacidade de investimento publicitário, isso faz com que do ponto de vista dos interesses da mídia, o legislativo seja mais vulnerável e atacado vigorosamente.
Ibsen Pinheiro de certa forma reafirma que os vícios do empresariado são os mesmos tão condenados no legislativo, a apropriação corporativa e muito grande no Congresso é só olhar para a pauta. Quanto à imprensa ele cita uma frase de Walter Steveson: "É uma injustiça dizer que a imprensa não separa o joio do trigo, separa sim, mas publica sempre o joio."
Imagem do Congresso
Uma pesquisa do Data Folha indica que há mais ou menos 10 anos o Congresso tem um índice de avaliação do seu desempenho, cujo percentual de ruim ou péssimo, varia entre 30% e 40%.
Presente no programa, Marcos Verlaine, analista do DIAP, considera a cobertura da imprensa preconceituosa a qual "sataniza" o Congresso Nacional, um ataque moralista, pois a imprensa precisaria avaliar a casa de outra maneira também.
Pausa para um resumo: todos eles concordam que há falta na formação da população sobre o processo político, e se o povo não entende, como irá votar corretamente. Outra grande queixa é sobre o ataque intenso da imprensa que estigmatiza os parlamentares colocando-os todos no mesmo nível, isto foi colocado muitas vezes, porém a liberdade de imprensa sempre valorizada. Portanto, fica evidente a falta critério no uso desta liberdade.
Reforma Política.
Ibsen Pinheiro completou que hoje só passam no Congresso os projetos de lei irrelevantes, porque há consenso e os que o governo envia. Nada é aprovado sem o tal "consenso", logo projetos relevantes que ferem este ou aquele interesse acabam não sendo votados.
A reforma política é necessária com financiamento público total, hoje diz Ibsen Pinheiro, há dois tipos de deputados: os que arrumam dinheiro para fazer a campanha e os que arrumam campanha para fazer dinheiro.
Deputado Coruja disse que se houver uma pesquisa todos serão a favor das reformas, a política, a tributária, etc, mas cada um tem a sua reforma. Ninguém quer perder receita e nem poder.
Selecionei alguns trechos do programa, inclusive a fala do Deputado José Eduardo sobre a formação de uma constituinte exclusiva para a reforma política com membros eleitos pela população e sem a possibilidade de se elegerem nos próximos 10 anos. Só assim, pessoas de fora do Congresso, será possível fazer uma reforma.
Assista o vídeo.
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