Victor Zacharias
A Argentina tem se mobilizado fortemente para estabelecer a democracia na comunicação, primeiro com a aprovação da Ley de Medios, que foi construída respeitando todos os Direitos Humanos, inclusive o da Liberdade de Expressão, depois com a retomada do poder do Estado sobre o papel de imprensa que estava nas mãos de grupos privados, que proibiam que houvesse democracia na mídia, impedindo que o papel pudesse ser comprado por todos que queriam produzir jornais, e agora em um julgamento público, promovido pelas Mães de Maio.
O Brasil precisa olhar estes exemplos e quem sabe repetí-los por aqui, a fim de quebrar o monopólio da comunicação brasileira e criar o Marco Regulatório das Comunicações que possibilitará a total Liberdade de Expressão que hoje está reservada para um pequeno grupo de famílias.
No dia 22 de dezembro, em Buenos Aires, a Associação Madres de la Plaza Mayo, conhecida por aqui como as Mães de Maio, fez o julgamento ético e político de empresas de comunicação do grupo Clarin.
"É pela nossa própria liberdade, a liberdade dos sem voz, é por defender a Ley de Medios, por defender a liberdade sindical dos companheiros trabalhadores, e uma resposta pela justiça, a memória viva e a igualdade", declarou Hebe de Bonafini, presidenta da associação, ao anunciar o evento.
O julgamento, previsto para durar cerca de 2 horas, foi de 6 empresas, - Clarín, Canal 13, TN, Radio Mitre, Papel Prensa y Cablevisión -, das mais de 226 do Grupo El Clarín, e apresentou a conclusão de diferentes comissões de advogados, jornalistas e testemunhas.
"Nós vamos fazer um julgamento ético e político do grupo Clarin. Julgamento do grupo que rouba crianças, verdades e esperanças. Dizem que é caça às bruxas, eles vão dizer que é contra a liberdade de expressão, eles dizem que é uma escalada do governo, mas não é nada disso ", esclarecia Hebe Bonafíni, justificou que, "por hora só vai ser o grupo Clarín, porque tem mais meios.
Então dizem uma mentira no El Clarín ou no Canal 13, esta é veiculada em todo o país, isto é, eles difamam e colocam quem querem no chão, batem como querem, e em todo o país as pessoas leêm, escutam e veêm aquilo que não é verdade. E é isso que queremos mostrar as Mães, e queremos comparar. O que aconteceu e o que eles disseram. Ou o que é dito e o que acontece."
Ao final do julgamento, o Grupo El Clarín foi considerado culpado, pelo grande público presente, por vários de seus atos, que unanimamente levantou as mãos para a condenação.
O grupo foi considerado culpado por cumplicidade com a ditadura, manipulação de dados, a aquisição fraudulenta de suas companhias, Artear, Radio Mitre, Papel Prensa, posição dominante, Cablevision, e proibição de democracia interna e da liberdade sindical na maioria das empresas, além dos detalhes descritos pelas testemunhas e promotores que participaram que forneceram minúcias de todas as injustiças.
A encarregada do tribunal que deu os argumentos políticos do julgamento foi a presidente da associação das Mães de Maio, Hebe de Bonafini, enquanto o advogado constitucionalista Eduardo Barcesat funcionou como procurador-geral.
Cada uma das empresas teve uma acusação própria especialmente feita pelos jornalistas, e para cada uma delas diferentes testemunhas depuseram e forneceram evidências das práticas costumeiras destes meios de comunicação, alguns fizeram isso ao vivo, outros por depoimentos gravados em vídeo. Entre as testemunhas, estavam Liliana López Foresi, Eduardo Anguita, Victor Hugo Morales, Mario Giorgi, Glenn Postolski, Mark Taire, Osvaldo Papaleo Hector Gallo, bem como ex-jornalistas de algumas dessas empresas como Rebori Branco, Sec Hannibal, Gustavo e Bruz José Carbonelli.
Os procuradores fizeram parte do processo foram Paul Llonto, Marquez Virginia, Mancinelli Jorge, Zarranz Luis, Vallejos Paola, Ortega Rosa e membros da Hamartia revista.
Nesta páginas da internet há detalhes dos testemunhos, clique aqui Mães de Maio ou aqui Revista Cítrica
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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Mães de Maio fazem julgamento e condenam El Clarín, é preciso fazer o mesmo para O Globo.
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