sexta-feira, 30 de setembro de 2011

" A onda agora é ser classe C" - João Paulo Rodrigues

Victor Zacharias

Em debate realizado no final do mês passado para discutir a esquerda no Brasil, João Paulo Rodrigues dirigente nacional do MST abordou a questão da união e da mobilização dos movimentos e partidos de esquerda no Brasil, fazendo uma breve análise e propostas para o prosseguimento das lutas e pelo socialismo.

A recuperação da nossa consciência de classe é essencial
Ele disse que "a onda agora é ser classe C". Nos últimos anos a classe trabalhadora acabou sendo desconfigurada, ela não se reconhece como tal, não é mais a classe trabalhadora, é a classe C. A consciência foi transferida para o consumo.

Organização de massa
E para colaborar com este processo a esquerda tem abandonado a perspectiva de organização de massa, que não é um problema só brasileiro."Se queremos mudar não basta ter nossos grupinhos, nossos movimentinhos". A perpectiva tem que ir além da formação de quadros.

No período de descenso da luta de massa a organização é fundamental como maneira de formação de consciência, de estruturação para o enfrentamento do capital, e de acúmulo de força. É preciso discutir quais serão os instrumentos para representar a classe: nos movimentos sociais, sindicais e nos partidos.

Unidade
Há uma hegemonia no agro negócio pelo latifúndio, nos meios de comunicação pela concentração das concessões e propriedade cruzada, e nas relações internacionais com o grande capital pelo Estado.

Por mais que a esquerda brasileira seja uma das que mais tem capilaridade social, ela está fragmentada. São 3 grandes aspectos: - do ponto de vista da ação de massa; - não há projeto; - unidade das massas.

Não existe um projeto em torno do qual todos lutem, isto é, não um programa de cada partido, o que unifica é um projeto que dá referências para onde queremos ir. Mas onde está a força política para construção deste projeto?

Quanto à unidade nas massas, hoje em dia os militantes discutem uma coisa e seus líderes outra.

O tal socialismo
Os socialistas de hoje tem outros interesses, uma parte acha que vai conseguir um emprego bom e outra acha bonito o rótulo; de ser de esquerda, bota um quadro do "Chê", veste uma camiseta e diz "tamo junto".

Eles precisam entender que "para ter o socialismo de verdade temos que fazer uma coisinha que não é fácil: revolução". E essa etapa tem que contar com as massas, senão não tem jeito.

Não tivemos na nossa experiência histórica recente um momento onde as massas foram fazer revolução pelo socialismo. Fomos para rua pelo pão, liberdade, terra, salário e outras questões, são elementos contra a barbárie do capitalismo, mas não saímos pelo socialismo. As massas tem preferido assim: "Vamos para luta pelo socialismo? Beleza, mas eu prefiro ir para a terra antes, tenho que receber um salário". Nos dias de hoje a revolução parece extremamente difícil.

Quais são os temas que acumulam forças para avançar para o socialismo, provocar a ruptura, para fazer a revolução? Esse é o nó que está colocado para nós.

Quando se fala em acumular força é também contraditório, porque esta foi a idéia da década de 80. Acumular força no tempo tem acomodado, por exemplo: um deputado que foi eleito numa estratégia de acumular força para o socialismo, se acomoda e vira outra coisa. No MST também acontece isso. A consciência econômica, a propriedade privada acomoda o que foi acumulado."É um processo permanente de avançar, portanto não é tão simples".

Estes grandes temas não estão resolvidos. Neste período de crise a unidade é importante, por isso não devemos queimar as pontes entre os socialistas que queiram fazer a luta acreditando que em certo lugar temos uma esquerda pura, lá na frente podemos precisar deles para o enfrentamento.

Assista um trecho do vídeo e tire suas conclusões.

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