segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A bela Camila, líder estudantil chilena, mostra suas idéias sobre educação

Victor Zacharias

A luta dos estudantes chilenos para uma educação pública de qualidade encontrou em seu atual presidente, um grande empresário, a falta de diálogo e uma grande repressão policial. O governo insiste em manter a educação nas mãos do sistema privado, que pela lógica do mercado e da característica do sistema neoliberal, só terá vagas para quem pagar e muito.
Nessa luta, apareceu uma estudante chamada Camila Vallejo Dowling que chama atenção pela sua beleza e também por sua postura em defesa da educação popular de qualidade no Chile. Como todos que contrariam o mercado, ela também foi ameaçada de morte e nesta semana estará em Brasília, na quarta-feira,31, para apoiar a UNE nas manifestações junto ao Banco Central pela queda dos juros.

Para conhecer um pouco do que ela pensa, leia o que ela respondeu pelo seu blog, ao colunista de um jornal popular de direita, um advogado, de sobrenome Eichholz, conservador e reconhecido expoente do neoliberalismo chileno, membro da congregação Legionários de Cristo. Ele  perguntou a Camila até onde este movimento estudantil chegaria, pois já passou dos limites.

Por causa do povo, Eichholz

Camila Vallejo
Se há algo que reconhecemos na política é que você não pode esperar posições homogêneas, nem estáticas dentro do grupo de pessoas que o compõem, a menos que seja para ficar no meramente superficial e não questionar a origem dos problemas está empenhada em resolver.

Ao tentar demonizar os movimentos sociais quando adquirem abordagens políticas ou quando são mais radicais, significa que além de não entender nada sobre os movimentos sociais, quer impor uma posição ideológica, o sindicalismo, a uma maioria pensante e ativa. É, em última análise uma perda de tempo o Sr. Eichholz.

As pessoas não são idiotas o suficiente como você tende a pensar, ou muito fáceis de serem manuseadas pela mídia.
As pessoas vêem a série de ações desesperadas e declarações de alguns funcionários do estado e intelectuais do governo, nota-se que há muito medo de enfrentar esse conflito de forma transparente. Se percebe que eles estão com medo porque as questões que são, até hoje, "tabu" estão colocados no debate nacional, pois esse movimento tem superado as limitações do sindicalismo e tornou-se um espírito real e transformador de consciências. Hoje não têm como continuar a sustentando nem com argumentos, nem com evidências uma experiência do modelo neoliberal que nos últimos 30 anos tem demonstrado o seu fracasso total no campo educacional, para dizer o mínimo, e não me diga que a "massificação" do ensino superior é demonstração fiel que fizeram o caminho certo, seria absolutamente míope de sua parte.

Deixe-me dizer o Sr. Eichholz, para que se informe um pouco melhor, esse movimento não tem estado apenas disposto a conversar, mas pediu um verdadeiro diálogo com o ministério. O problema é que não há nenhum diálogo verdadeiro, a colocação do interlocutor é criticada porque há questões que não se querem abordar, as intenções não são transparentes, ou o diálogo tem postura unilateral de quem se recusa a desistir de seus interesses para atender as necessidades e demandas da maioria. Faz tempo que o diálogo pelo o diálogo não convence mais, já deixamos de ser ingênuos.

Agora você pergunta quem está certo ou o qual é a posição da maioria. Bem, essa frase parece ter eriçado os cabelos "avançar para um modelo de educação pública, gratuita e de qualidade", não só é possível, porque em nosso país foi possível tendo um estado significativamente menos rico do que o atual, ou porque agora temos riqueza suficiente (apenas mal distribuída ou doadas a multinacionais estrangeiras), ou porque outros países têm mostrado que é possível ter percentual igual ou maior de matrículas das que existem no Chile. Este objetivo básico é consistente, é o único que entende a educação como um direito e não como uma mercadoria (o conhecimento como valor de troca), é o único que entende que - em termos economistas - o "rendimento educacional" não surge de sistema educacional, mas fora dele e, portanto, tentando capturá-lo com as tarifas ou crédito é um imposto sobre uma base de tributação que não existe.

O "rendimento educacional" no qual se apoiam tanto os economistas neoliberais para defender o pagamento de mensalidades na educação, não está no período de formação, mas está incorporado de várias formas, do qual o beneficiário principal não é o trabalhador qualificado por meio de seus salários, mas a sociedade como um todo, expressa em aumento da produção de bens e serviços de empresas onde a mão de obra qualificada, o progresso técnico e científico, como resultado destas transferências de tecnologia e serviços especializados realizadas por universidades (que é pago ou pago bem abaixo do seu valor real), o aumento da produtividade material, nível social e cultural mais elevado para o sistema como um todo, entre outras coisas, porque gera externalidades positivas educação, e são imensuráveis.

Em suma, o rendimento educacional é gerado "fora" do sistema de educação, não é direito captar do aluno. No entanto, é lógico que a educação não pode ser livre, porque alguém tem que pagar, mas sob a razão dada, deveria ser pago por meio de impostos gerais e específicas a serem cobrados. O Estado deve captar através dos aumentos de produtividade e dos rendimentos auferidos principalmente empresas de grande porte, ou seja, através de impostos progressivos, que são transferidos para as instituições públicas através do orçamento nacional. Só desta forma contribuirá para o sistema de educação que se beneficia dele.

E, finalmente, não há melhor evidência para determinar a posição da maioria que o apoio constante dos cidadãos e do retorno de apoio para o ministro, se existem dúvidas que seja feito um plebiscito.
(tradução livre)

Clique aqui, leia o original e conheça o blog da Camilia Vallejo Downling

sábado, 27 de agosto de 2011

Kassab revolta os metaleiros em show da banda Matanza

Victor Zacharias

No Clube de Regatas Tietê em São Paulo em uma data bem apropriada, 13 de agosto, aconteceu o show do Matanza, e os metaleiros compareceram em massa.
Matanza é uma banda de rock and roll do Rio de Janeiro. Ela começou em 1996 e sua música é uma mistura de hardcore punk, country e heavy metal, formando assim, o gênero que a mídia intitulou de "countrycore".
Antes da atração principal entrar no palco, várias bandas tocaram para animar a moçada, em sua grande maioria vestida de preto, muitos tatuados e com piercings, que dançava quase sem parar.
Banda Cáustica - Minas Gerais
Um pouco depois da Banda Cáustica, a única banda que se apresentou formada somente por mulheres e que veio de Minas Gerais, entrava o grupo do Matanza causando delírio na platéia.
A primeira música começa assim: Era pra frear e eu acelerei, e a platéia cantou em uníssono esta e todas as outras letras, o envoltimento e a concetração eram totais, acompanhavam os gestos do líder da banda, Jimmy London, (brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1975).
Após este início catártico, o Jimmy faz um protesto contra o fechamento do Kazebre, local tradicional de shows de rock que fica na Av. Aricanduva, 1200, no bairro de São Mateus em São Paulo, pela prefeitura. O Kazebre é uma casa popular, isto é, têm preços acessíveis para a maioria da população, é ponto conhecido de shows dos grupos alternativos, que tem pouco espaço para se apresentar na cidade de São Paulo. E todos irritados com esta ação da prefeitura aderiram ao protesto mandando o Kassab para aquele lugar: " Ei, Kassab vai..."
Assista no vídeo um trecho deste protesto:



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Dilma envia o Marco Civil da Internet para a Câmara

Victor Zacharias

Hoje está sendo discutida em Brasília a lei apelidade de AI 5 Digital em um seminário chamado: Ciência e Tecnologia, Comunicação e Internet.
O seminário foi pedido para que o tema fosse mais discutido com a sociedade, pois nele existem vários pontos que a comunidade que defende a liberdade de expressão não concorda. Este PL 84 criminaliza várias atitudes que hoje todos nós fazemos, como baixar arquivos e publicar textos em blog, etc. Ela também exige que os dados dos internautas sejam guardados para sofrer uma auditoria, mas não especifica que tipo de critério será usado para esta avaliação e pressupõe que todos os usuários são criminosos e não ao contrário.
O projeto de lei apresenta uma fragilidade técnica e normativa e graves imprecisões, consequentemente traz insegurança jurídica.
Durante o seminário foi anunciado, pela agilidade da rede, que o deputado Paulo Teixeira tinha postado a notícia que vinha do Palácio do Planalto dizendo que a presidenta Dilma acabava de assinar o Marco Civil da Internet e ele estava sendo enviado à Câmara dos Deputados.
Isso causou um alívio a todos que perceberam o perigo que seria aprovar o PL 84 ou o AI 5 digital.
Quem ainda não leu poderá fazê-lo clicando em Marco Civil. A construção desta lei foi efetuada depois de ampla consulta à sociedade civil e pressupõe direitos e deveres dos usuários da rede com a diretriz dos direitos humanos. No Marco Civil há artigos que combatem os abusos na internert, porém respeitam os direitos dos usuários.
Agora a lei do chamado AI 5 digital terá um encaminhamento diferenciado e deverá estar de acordo com o Marco Civil.

sábado, 20 de agosto de 2011

Ubuntu: "Como um ficaria feliz se todos estivessem tristes"

Victor Zacharias

Hoje li uma dessas mensagens maravilhosas que vem de outra cultura e gostaria de compartilhar com você. Ela contraria tudo que vemos nesta sociedade ocidental individualista, capitalista e concentradora, baseada no conceito da escassez, o mais forte ou o que tiver mais mérito será o beneficiado, quantos aos outros, pouco importa.
Este relato peguei no FaceBook do Vitor Massao que linkou do Marcus V. Souza Ferreira. Quando a gente pesquisa como eram as coisas antes da propriedade, descobre que eram divididas e não havia pobreza. Tinha para todo mundo. E ainda tem, mas estamos contaminados com o capitalismo.

A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Floripa , nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.

Ela  contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele  chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro. 

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas   as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. 

Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós  poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda  não havia compreendido, de verdade,a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!" 

Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...
UBUNTU PARA VOCÊ!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Palmeiras muita correria e pouca técnica

Guilherme Mendes

Nação Palestrina,
A exibição do Verdão contra o Bahia foi a repetição de nossas últimas atuações. Muita correria e pouca técnica !
Sabemos que nosso time – salvo pouquíssima exceções – Marcos, Marcos Assunção e Valdívia – é composto por jogadores limitados tecnicamente.
Mesmo assim, entendemos que o nível de nossas apresentações e, por conseqüência, nosso posicionamento no campeonato poderiam ser melhores.
E o mais triste é constatar que para que atingíssemos tal condição pequenas mudanças seriam necessárias.
Bastaria, inicialmente, que o clube não vivesse há décadas – em especial as últimas três - em constante ebulição política.
Em segundo lugar, que o planejamento feito no início de cada temporada – contratação de técnico e formação do elenco – fosse respeitado durante todo o ano.
E, em terceiro lugar, o que parece ser o mais difícil, é que todos aqueles que detêm o poder no clube remassem no mesmo sentido pensando mais no Palmeiras, do que em suas pequenas aspirações pessoais.
Adotadas tais premissas cremos que nosso time poderia ombrear-se com os demais aspirantes ao título uma vez que, infelizmente, o futebol brasileiro não possui um grande time e dispõe apenas de uns poucos bons jogadores, nada além disso.
Oxalá, que até os clássicos contra o São Paulo, Vasco e Corinthians outros problemas internos não venham conturbar o ambiente !
Quanto ao jogo propriamente dito – independentemente do gol do Bahia ter sido feito em completo impedimento – cremos que com a correção do principal defeito do time – a falta de um verdadeiro atacante de área – poderíamos tê-lo vencido até com certa tranqüilidade.
Kléber, apesar de esforçado, nunca foi um centroavante e sendo obrigado a desempenhar tal função em decorrência da falta de um verdadeiro camisa nove, tem a qualidade de seu jogo muito prejudicada.
Diga-se o mesmo de Valdívia – quando joga – que não pode ser utilizado como atacante, uma vez que sequer tem físico para suportar o embate na área.
Os demais atacantes de área – Dinei e Vinicius – não têm condições de jogar no Palmeiras, sendo certo que somente integram nosso elenco por absoluta falta de outras opções, o que decorre da caótica situação econômica que o clube vive há pelo menos uma década.
A falta do chamado camisa nove, além de forçar que Kléber e Valdívia tenham que jogar fora de suas características, acaba por prejudicar, também, as atuações de Maikon Leite que, bem aproveitado, seria uma excelente opção de ataque.
Não sabemos se a contratação, já frustrada, de Ricardo Bueno do Atlético Mineiro seria a solução ideal para nosso crônico problema mas, ao menos, passaríamos a contar com um jogador que tem as características de um verdadeiro centro-avante o que, certamente, contribuiria em muito para o retorno do bom futebol de Kléber e de Valdívia.
Além disso, a permanência de Felipão no comando de nossa equipe é condição básica para que possamos almejar posições mais proeminentes tanto nesse ano, quanto em 2012.
Esperamos e torcemos para que, quando o problema vier a ser resolvido, não seja, uma vez mais, tarde demais!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ricardo Teixeira denuncia a Globo por manipulação no futebol

Victor Zacharias

O fato da TV Globo ter divulgado as maracutaias do Ricardo Teixeira, como informou o Eduardo Maretti do blog Fatosetc em seu comentário anterior, fez o presidente da CBF reagir e declarar que tem gravações bombásticas contra a ética da Globo nos negócios. Os jornais da grande mídia começam a repercutir este contra ataque:

Ricardo Feltrin - Editor e colunista do F5
Não vai ficar barato para a Globo sua repentina decisão de noticiar os escândalos envolvendo a CBF, Ricardo Teixeira e a Fifa. Agora surgiram indícios (ou insinuações) de que a entidade máxima do futebol brasileiro tem gravações de diálogos que comprometeriam Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes. Essas gravações não autorizadas foram feitas a partir de ligações telefônicas ou na própria sede da CBF. Elas revelariam quando e como a Globo manipulou o horário de partidas de times e da seleção, para atender a seus próprios interesses...

T de Vingança

Campos Pinto - Executivo da Globo
Teixeira também teria gravações mostrando como Pinto e seus comandados globais agiram nos últimos anos, quando tinham acesso livre à CBF. Fonte desta coluna, que pede anonimato, informa que as gravações teriam diálogos permeados de arrogância, prepotência e desprezo completo de Campos Pinto e seus subordinados pela concorrência. Inclusive uma das gravações mostraria emissários da Globo usando termos chulos contra Record e até contra a Band, que hoje é parceira da Globo no futebol.

Leia mais no site do Nassif. Clique aqui.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Teles ganham mais poder na mídia pela banda larga e TV a cabo.

Victor Zacharias

No evento realizado em São Paulo pela Banda Larga pública, donde saiu o manifesto do último post, o João Brant e o Sérgio Amadeu em suas intervenções contaram deram um panorama das questões que envolvem a Banda Larga, e neste vídeo você poderá entender melhor porque os movimentos que lutam pela democracia na comunicação não aceitam o acordo feito entre o governo e as empresas de telecomunicações. Elas ontem ganharam mais poder, porque o projeto de lei complementar das TVs por assinatura foi aprovado no senado e permite a entrada das teles neste mercado e não prevê limite para o capital estrangeiro, isto é, a comunicação, agora via cabo, começa explicitamente a ser controlada por outro país. Isso é alarmante, mesmo com a obrigatoriedade de 3:30h de produção nacional.
Assista o vídeo e tire suas conclusões.



terça-feira, 16 de agosto de 2011

A banda larga pública é uma questão estratégica

Victor Zacharias

Ontem foi realizado em São Paulo no Sindicato dos Engenheiros, pela CUT, uma plenária de movimentos sociais pró liberdade de expressão, para discutir uma internet rápida e de qualidade para todos e todas. Ao final foi aprovado o seguinte manifesto:

No final de junho, o Governo Federal fechou um acordo com as empresas de telecomunicações para garantir banda larga de 1 Mbps a R$ 35 em todos os municípios do país até o fim de 2014. À primeira vista, a medida soou como um avanço. Especialmente na região Norte e em áreas mais distantes dos grandes centros urbanos, é a primeira vez em que o serviço será oferecido a um preço razoavelmente acessível.

Contudo, o acordo tem vários problemas e revela a ausência de uma política de longo prazo para o setor das comunicações. Revela também uma concepção política que renega o papel estratégico do Estado e o interesse nacional em prol dos monopólios privados. Não há como garantir o direito de todos os cidadãos a uma internet barata e de qualidade sem ações efetivas do Estado na regulação e na prestação do serviço. Afora essa dimensão política geral, o acordo evidencia outros problemas de várias ordens:

1- O pacote definido no termo de compromisso é limitado e diferenciado, cheio de restrições escritas em letras miúdas, e está longe de garantir a universalização do serviço. Os termos de compromisso assinados foram moldados a partir da disposição das empresas – como consequência, são bons para as teles e completamente insuficientes para os usuários. O termo cria um pacote popular com franquia de download (isto é, limite de uso da internet), promove venda casada com a telefonia fixa e não garante o serviço para todos os cidadãos – ele pode ficar restrito às áreas mais rentáveis dos municípios. Além disso, o instrumento jurídico de termo de compromisso é bastante precário e expressa a dificuldade do governo em impor metas mantendo a prestação do serviço em regime privado. É inadmissível, por exemplo, que se possibilite que as sanções em caso de não cumprimento das metas sejam transformadas em investimentos nas redes privadas.

2- A velocidade estabelecida está fora do que já hoje é considerado banda larga. Se considerado que o valor vai ser alcançado só em 2014, ainda pior. Apenas para se ter uma ideia, o Plano Nacional de Banda Larga dos EUA prevê universalização da internet com 75% da população tendo velocidade de 100 Mbps em 2020, e velocidade mínima de 4 Mbps. O plano brasileiro propõe a oferta em larga escala de serviços de 5 Mbps em 2015, mas não estabelece nenhuma obrigação nem dá qualquer garantia de que isso vá de fato ocorrer;

3- Embora o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) englobe várias outras ações de políticas públicas, este acordo condiciona as políticas de longo prazo e todas as outras ações a serem tocadas no âmbito do plano. Concretamente, ele deixa pouco espaço para se avançar além do que foi acertado com as operadoras agora, sem estabelecer como meta a universalização do serviço, sem garantir controle de tarifas e deixando na mão das empresas as redes construídas a partir de recursos provenientes do serviço público de telefonia fixa;

4- A questão das redes é justamente um dos problemas sérios da ausência de políticas de longo prazo. Na prática, os recursos para o cumprimento das metas do PNBL virão da cobrança da assinatura básica da telefonia fixa. Isso significa que um serviço prestado em regime público, cujos investimentos deveriam resultar em bens públicos (a serem devolvidos à União ao final do período de concessão), ajudará a financiar redes privadas, sobre as quais pesam poucas obrigações de serviço público;

5- A Telebrás, que poderia ter um papel de forçar as empresas de telecomunicações a se mexer, investir em infraestrutura e baixar seus preços, está cada vez mais se transformando em estrutura de apoio para as próprias teles. O problema maior, neste momento, não é nem a empresa deixar de prestar serviço ao usuário final, mas sim o fato de ela ter perdido boa parte dos recursos e deixado de ter o papel de tirar as empresas privadas de sua 'zona de conforto', com uma política agressiva de provocar competição por meio de acordos com pequenos provedores locais;

6- O serviço de banda larga tem hoje problemas graves para o consumidor, e essa expansão está sendo pensada sem resolver esses problemas nem garantir parâmetros mínimos de qualidade. Estão previstas resoluções da Anatel sobre isso até 31 de outubro, mas é preciso pressionar para que elas de fato garantam o interesse público e sejam efetivas;

7- A Anatel, que deveria ter o papel de defender o interesse do usuário, não tem atuado desta forma. A agência assume que não tem controlado a venda de bens reversíveis (bens que estão na mão das concessionárias mas são essenciais à prestação de serviços e não poderiam ser negociados sem autorização), estabeleceu um Plano Geral de Metas de Universalização para a telefonia fixa que não cria nenhuma nova obrigação para as empresas e não tem sido capaz de garantir a expansão do serviço para as áreas rurais;

Frente a esses fatos, movimentos sociais reunidos na CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) e as organizações participantes da campanha Banda Larga é um direito seu! manifestam sua preocupação com os rumos do PNBL e apresentam as seguintes reivindicações:

- Que o Governo Federal construa uma política estratégica de médio e longo prazo para o setor das telecomunicações, a partir da definição da banda larga como serviço prestado em regime público, de forma a garantir a expansão constante das redes e a universalização progressiva do serviço, na linha das propostas aprovadas na I Conferência Nacional de Comunicação. A definição de regime público não significa que deve ser apenas prestado pelo Estado, mas que podem ser exigidas das empresas privadas metas de universalização, controle de tarifas, garantias de qualidade e continuidade do serviço e gestão pública das redes;

- Que o Governo Federal garanta recursos e volte a investir na Telebrás como instrumento de políticas públicas e regulação econômica do setor, como promotora de franca competição e atendimento às necessidades das diversas localidades em que a empresa tem condições de atuar;

- Que o Governo Federal e a Anatel garantam a universalização dos serviços de internet na área rural com oferta adequada e barata em todo o país;

- Que a Anatel aprove regulamentos de qualidade e metas de competição que imponham obrigações que garantam de fato o interesse público, em condições proporcionais às capacidades técnica e financeira de cada empresa;

- Que o Governo Federal incorpore o tema da banda larga ao debate sobre um novo marco regulatório para o setor das comunicações, tratando-os de forma combinada, por meio da revisão da Lei Geral das Telecomunicações e da definição de uma política que garanta o caráter público das redes;

- Que o Governo Federal retome o diálogo com as entidades do campo popular para pensar um projeto estratégico para as comunicações e discutir as políticas públicas para o setor.

Como um serviço essencial à realização de direitos, a internet deve ser tratada como um serviço público. A limitação em seu acesso enfraquece a democracia e pode ser um entrave ao desenvolvimento econômico. Assim, o compromisso da CMS e da campanha Banda Larga é um direito seu! é com a defesa da banda larga barata, de qualidade e para todos. A avaliação sobre o quadro atual das políticas para banda larga deve ser feita com base nesses parâmetros. Ainda que não se possa, nem se queira, ignorar os avanços em relação à ausência de políticas que imperava até 2009, não se podem excluir dessa avaliação as críticas devidas, nem se contentar com avanços absolutamente limitados, condicionados pelas teles e descolados de uma política estratégica de longo prazo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Equipe da Globo News tenta influenciar o sociólogo na entrevista

Victor Zacharias

Os jornalistas da Globo News ao entrevistar o sociólogo Silvio Caccia Bava tentam influenciar a opinião do especialista, mas não conseguem.
Por três vezes os jornalistas a fizeram perguntas junto com as respostas que queriam ouvir, no fundo queriam criminalizar o problema social que aconteceu na Inglaterra da mesma forma que fazem aqui.
Disse Sílvio que a Inglaterra cortou verbas de política pública e isso juntamente com o alto desemprego formou um ambiente propício para revoltas, o assassinato do líder comunitário sem explicações foi o estopim para a violência.
Esta população é discriminada e oprimida pelos policiais constantemente, o mesmo aconteceu em Paris e agora no Chile.
Vale a pena assistir a entrevista para entender o motivo deste acontecimento na Inglaterra e rir dos jornalistas que insistiram até o final na tentativa de mudar a opinião do entrevistado. E isso tudo aconteceu logo após a publicação do Código de Ética do jornalismo da Globo.

domingo, 14 de agosto de 2011

Amanhã, dia 15, proteste e não assista ao Jornal Nacional

Victor Zacharias

A Fifa, diz o jornal The Independent em sua reportagem deste domingo, está sendo investigada, de acordo com o jornalista Andrews Jennings, autor do livro que mostra o mundo secreto da FIFA seus subornos, fraude eleitoral e escândalos de bilheteira. Mas a Globo silencia.
Mídia
A única emissora que foi atrás desta notícia e fez um barulho enorme foi a Record. Outros jornais e emissoras de rádio também noticiaram este escândalo, mas a Globo não. Os interesses financeiros são superiores a ética jornalística que a emissora diz respeitar e seu manual de jornalismo recentemente publicado.
#Um dia sem JN
A TV Revolta testa mais uma vez a força do protesto virtual. Nesses tempos de Copa do Mundo no Brasil, e com tanta grana pública e privada girando neste evento, esta denúncia de corrupção feita internacionalmente está tumultuando a cena do maior campeonato deste grande esporte mundial.
Ricardo Teixeira
O pivô desta história é o Ricardo Teixeira, eterno mandatário da CBF, que desafia governos, mídia e tribunais. Ele continua inabalável na sua condição de presidente da entidade máxima do futebol brasileiro, aliado e cunhado de João Havelange - presidente da Fifa, comanda a seleção brasileira que representa o país publicamente, embora constituída de profissionais que atuam em clubes privados, patrocinados por empresas privadas e fora do controle público direto. Então dá para perceber explicitamente que este comando privado está obtendo lucros financeiros de um símbolo público nacional. Tudo isso sem nenhuma explicação sobre estas corrupções. É muito poder e nenhuma ética.
Rede Globo protege Ricardo Teixeira
Que credibilidade tem uma televisão, concessão pública, que não informa a sua audiência com isenção? No meu ponto de vista, nenhuma. Cadê a transparência da Rede Globo que acabou de divulgar o seu código de ética? Ela pode ser acusada de conivente por não denunciar esta corrupção?
A proposta do vídeo é bem apropriada ao momento: um dia sem Jornal Nacional, dia 15 de agosto.
Assista o vídeo, tire suas conclusões, e quem sabe você acostuma e não assiste mais o JN.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Telebrás, 13 anos depois de sua privatização

Por João Brant, no Observatório do Direito à Comunicação:

Os que defendem a privatização costumam dizer que o Brasil tinha um serviço ineficiente, que a linha custava uma fortuna e que foi a privatização que permitiu a expansão do serviço. Na verdade, poucos lembram que o serviço de telefonia era privado até 1962, e ali sim era muito ineficiente. A Telebrás estatal foi responsável pela grande expansão do setor, pela possibilidade das ligações intermunicipais e por fazê-lo chegar a áreas remotas do país.
O problema é que no final da década de 70 as estatais começaram a ser usadas para segurar a dívida externa e para controlar a inflação. Havia também um problema de modelo de negócio. O sujeito comprava a linha por um preço caro e depois pagava uma ninharia pelo serviço. A falta de investimento passou a conter a expansão e a gerar um mercado paralelo de linhas. Mesmo assim, de 1970 a 1990, enquanto a população brasileira cresceu 50% e o PIB 90%, a planta instalada de terminais telefônicos do Sistema Telebrás cresceu 500%.
O que aconteceu na preparação da privatização foi a revisão do modelo. O governo subiu a tarifa de assinatura básica mais de 1500% (!), voltou a investir (R$ 21 bilhões entre 1995 e 1998, como lembrou Aloysio Biondi, uma das poucas vozes críticas ao processo à época) e preparou o terreno para as empresas privadas assumirem. O que veio a seguir foi a consequência óbvia: a demanda represada gerou a expansão do setor, mas o custo aumentou absurdamente. A assinatura que era R$ 0,69 em 1994 é hoje mais de R$ 40, e o serviço já dá sinais de declínio.
Em resumo, a expansão percebida veio da mudança do modelo, e não da venda da Telebrás para quatro consórcios privados. Com a privatização, o Brasil perdeu o controle sobre suas redes e seus satélites, gerou um serviço caro para os usuários e agora pena para tentar fazer essas empresas atenderem ao interesse público. Não dá mesmo para dizer que foi um bom negócio.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Cidade diz não precisar de mais vereadores

Victor Zacharias

Os moradores de Jaraguá do Sul em Santa Catarina não se intimidaram em se manifestar contra a lei que permitia o aumento do número de vereadores na cidade.
De acordo com o jornal local " A Comarca" foram instalados dez painéis publicitários contra o aumento proposto no projeto. A campanha é mobilizada por entidades como o Centro Empresarial de Jaraguá do Sul (Cejas), que reúne a Associação Empresarial (Acijs), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação de Micro e Pequenos Empresários (Apevi), além das associações de moradores de alguns bairros da cidade.
Durante os 20 dias que os anúncios ficaram espalhados por diferentes regiões, os moradores eram instigados a refletir sobre o assunto pelas mensagens apresentadas nos outdoors:
“Saúde é prioridade, mais vereadores não!”. Outras alertavam:
“Faltam: médicos, medicamentos, creches e leitos hospitalares. Não precisamos de mais vereadores!”
Também havia textos comparativos:
“Operário, 44 horas semanais. Professor, 40 horas semanais. Vereador, 5 horas. Não precisamos de mais vereadores!”.  
E: “Salário mínimo: R$ 545. Professor: R$ 609,46. Vereadores: R$ 7,3 mil. Não precisamos de mais vereadores!”
O resultado foi ótimo, depois da campanha o projeto que previa 19 baixou para 14 vereadores.
Bem que esta moda poderia pegar em todo Brasil.
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