quarta-feira, 1 de junho de 2011

Coronel Ulstra, da época da repressão militar brasileira, ganha espaço na Folha de São Paulo

Victor Zacharias

A tal ética jornalística nem tem passado perto da Falha de São Paulo. Um jornal que faz pose de moderno e democrático, na prática abre espaço, sem apresentar o contrário, regra básica do jornalismo, para participantes da ditadura militar expressarem seus distorcidos pontos de vista numa clara inteção de marcar este período como suave para o povo e os que lutaram contra os ditadores e torturadores. E, assim vai influenciando a opinião dos seus leitores, muitas desavisados.
Quem tinha alguma dúvida entre liberdade de imprensa e de expressão agora já pode entender na prática como se processa a censura privada da imprensa. São fatos como este que mostram a urgente necessidade da regulamentação da mídia para que todos tenham voz e não somente um lado.

Acabo de receber um texto de Alípio Freire que indignado disse:

Acabo de acordar.
Abro minha caixa de mensagens e deparo com o texto do senhor coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra na Folha de S. Paulo.
Sem dúvida se merecem.
Sem dúvida a empresa deve ter "dossiê" do senhor coronel, e este, dos donos da empresa que, quando ele reinava no Doi-Codi, cedeu seus veículos para transporte de opositores para a torrtura, ou dos cadáveres desses opositores para "desova" pelos órgãos de repressão, entre os quais o Esquadrão da Morte. A este último, a Folha - logo em seguida ao Ato Institucional Número Cinco (AI-5) entregou também o seu jornal "Folha da Tarde".
Resguardem-se os donos da Folha com relação ao coronel, e resguarde-se o coronel com relação aos donos da Folha.
Um e outro podem ser vítimas dos métodos que ambos costumam usar para se ver livres de pessoas que sabem demais, como nos casos do empresário Von Baumgarten; o delegado Sérgio Paranhos Fleury; e o senhor Sábato Dynotos, cujo bando fascista foi responsável pela maioria dos atentados terroristas a bombas (de um total de cerca de 12), que a ultradireita fez explodir em 1968, para preparar o AI-5.
Ou seja, o coronel pode vir a ser vítima da empresa, ou esta, do coronel.
Estes são os métodos dos celerados: sejam civis ou militares. O passo seguinte é atribuir à esquerda seus atentados - como o fizeram durante toda a ditadura do pós 64, e voltarão a fazer, logo que considerem necessário e/ou conveniente.
Um dado que os une neste momento, é a instalação da Comissão da Verdade, e as crescentes mobilizações da sociedade em torno do tripé Memória, Verdade e Justiça, que deixa nu o esquema do golpe e da ditadura, não mais apenas enquanto obra de militares, mas também de civis: fossem os grandes banqueiros, os grandes industriais (onde se inclui a Folha de S. Paulo), ou os grandes empresários do comércio. Sem esquecermos, é claro, da CIA e outras agências internacionais; dos antecessores das senhoras Condoleeza Rice e Hillary Clinton; e dos traficantes de escravos que antecederam o soba Barack Obama na Casa Branca.
Provavelmente nos próximos dias escreverei algo a respeito.
Por enquanto, apenas um desabafo:
Quando a canalha da grande mídia comercial (e todos aqueles que ela representa) defende ouvir o outro lado, sem dúvida se refere a ouvir os fatos monocórdicos expelidos por seus pares e que - como não podia ser de outro modo - tornam o ar irrespirável com seu odor pestilento. Alipio Freire.
Assista também um vídeo do protesto organizado pelo Movimento dos Sem Mídia, em frente o jornal Folha de São Paulo, quando chamou a ditadura brasileira de branda e ofendeu os professores Fábio K. Comparato e Maria Vitória Benevides. Ivan Seixas, que viveu na pele esta época, conta como este jornal apoiou a ditadura e hoje apóia a pior direta do país.

 

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