domingo, 1 de agosto de 2010

A cidade degradada é resultado da concentração econômica.

Victor Zacharias

A Associação de Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes realiza mensalmente um encontro na UNESP denominado “ Seminários Permanentes de Altos Estudos Contemporâneos”. Além de um espaço para reflexão, tem o objetivo de estimular a adesão de novos sócios para o sustento da Escola que não tem conseguido financiamento para suas atividades. A meta inicial é de 1.000 sócios, por isso, a AAENFF pede a ajuda de todos tanto na divulgação quanto na associação.
Tragédia Urbana
Foi o tema deste discutido na tarde no último dia 31 de julho, um sábado.
Arlete Moysés – UNICAMP, geógrafa, começou citando Saramago (A bagagem do viajante), ela se lembrou de um trecho do texto do livro onde ele dizia que a terra que fica ao redor das cidades é engolida, todo terreno se transforma em imóvel, propriedade, e adeus solidariedade. O atingido sempre é o trabalhador de baixos salários.
A tragédia decorre da concentração de terra e de capital. Atualmente, completa, ainda tem a precarização do trabalho, o neoliberalimo que transforma direitos em serviços. Arleta complementa, a terra no ambiente rural gera valor porque é meio de produção, mas no urbano, se valoriza sem nenhum trabalho, vira mercadoria, então na busca do lucro vale pela subjetividade criada.
Delmar Mattes, geólogo, que já trabalhou no governo municipal da Erundina, comentou que a cidade foi construída pela e para as elites econômicas, infelizmente se transformou em paradigma para todas as cidades brasileiras. As enchentes e outras catástrofes ambientais são resultado de especulações imobiliárias sem a visão de toda a bacia hidrográfica, a região metropolitana de São Paulo é composta por 35 municípios, portanto qualquer intervenção precisa ter esta visão, deve ser abrangente. Por exemplo, ruptura de barragens a quilômetros de São Paulo acabam afetando a cidade. A ocupação para o lucro é a razão das enchentes, a especulação imobiliária está na contra mão da natureza. Será preciso ter novo estilo de vida. Economia de água, tratamento de lixo, dos resíduos, política de urbana para diminuir os deslocamentos e investimentos na questão da democracia participativa são alguns pontos a serem mudados.
Emília Maricato – USP, urbanista, disse que o Estatuto das Cidades aprovado em 2001 no Brasil não é aplicado pelos governos, a luta é fazê-lo funcionar. Este Estatuto foi elogiado fora do país. é sucesso no mundo, mas aqui ele não caminha, porque quem decide o que fazer nas cidades são as empreiteiras, fontes de recursos para os políticos, Ermínia reforça que não faltam leis e nem planos, o que falta é o cumpri-los.
O vídeo tem alguns trechos de outras coisas que foram faladas, assista e forme sua opinião.

Um comentário:

Daniela disse...

realmente a questão urbana analisada de forma mais ampla fica à mercê de interesses de grandes grupos e empreiteiras que acabam pautando as políticas urbano/habitacionais.
um absurdo que uma cidade como São Paulo ainda não tenha conseguido minimamente tirar o plano diretor do papel e já pensa em reformá-lo...assim como outras legislações que tratam do uso do solo urbano... uns dizem que se trata de mera coincidência... será??

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