terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vanusa nas paralelas do hino nacional.

Victor Zacharias

Vanusa cantou errado na Assembléia o Hino Nacional. Parecia estar drogada. Ela disse ter tomado remédios para labirintite. Este assunto dá margem a várias reflexões. A pergunta mais comum seria:
- Porque não a impediram de começar a cantar?
A casa cheia, como nunca, para ouvir o hino nacional, símbolo da nação, por uma cantora popular, símbolo do povo. O problema era que a cantora não estava bem, era visível. Mas quem assumiria a responsabilidade de pedir ou impedir que ela cantasse? Qual dos nobres deputados num ato de coragem e compaixão diria:
- Vanusa você não está bem, trate da sua saúde que é melhor. Todos vamos compreender.
Nenhum deles,
faltou solidariedade, faltou respeito humano.
Isto é natural nas atividades e atitudes de quem é banhado pela cultura individualista do sistema capitalista. Para mim a palavra que mais caracteriza este individualismo é:
- Que se dane
Ema Ema cada um com seus problemas. Lembro do jornalista uruguaio Eduardo Galeano que disse: - Precisamos sair do discurso da solidariedade e praticá-lo.
Faltou isto aos nobres deputados.
Por outro lado fica também a questão: Porque a cantora sabendo da sua situação não interrompeu sua apresentação, explicando como estava se sentindo?
Acho que aí entra a parte do pagamento, seja em dinheiro ou em vaidade ou em repercussão.
Artistas, na sua maioria, não são militantes de causas e sim de visibilidade, podendo aparecer lá estarão eles. Isso é notório.
Se algum artista for convidado para fazer propaganda ou "showmício", quando era permitido, lá estará ele, mesmo sem vínculo nenhum com os produtos anunciados ou com os partidos. Só interessa se tem mídia de mercado ou cachê.
E nessa hora faltou para a Vanusa responsabilidade pública. No meio artístico não é só ela que não tem ou não teve, isto é fato.
Mas o ocorrido tem também um sentido simbólico que serve para uma analogia.
O símbolo da pátria, não foi bem expressado pela cantora popular, símbolo do povo, na casa dos representantes do povo, os quais mesmo assim permitiram.
Será que o povo brasileiro não tem conseguido se fazer entender como pátria na casa dos seus representantes? E eles fingem que tá tudo bem?
Não sei, pode ser um devaneio. O importante é que você também faça uma reflexão independente do pensamento da mídia de mercado, que anda nas paralelas com o povo, e este continua não tendo voz nem na casa dos seus representantes.

2 comentários:

Greg disse...

Companheiro!
Muito boa a sua crônica.
Parabéns.
Ela foi a que menos errou.

José Menino disse...

Meu caro Victor, acho que estamos diante de um caso de extrema incivilidade - nem sei se a palavra existe, mas depois que "inventaram" o tal do Magri, pode tudo. Em entrevistas reproduzidas pela TV e pela Net, Vanusa diz:-
"Recebi a letra só um dia antes" - como se estivéssemos falando de uma musiquinha composta agora.
"A letra era enorme, um negócio difícil de decorar"
Definitivamente, por ora pelo menos, parece que ela é de Marte.
"Passei a noite sem dormir. Tomando pó de guaraná pra ficar acordada e remédio pra labirintite"
Aqui pelo menos, levando-nos pelo sentimento puramente humano, podemos deduzir que ela, momentaneamente pelo menos, não reunia condições e faculdade pra tomar qualquer tipo de decisão sobre o que de fato seria o melhor a fazer. Desistir seria o mais sensato - mas isto prá nós, agora, analisando de fora. Pra ela, claro, pesaram muito as cndições que você tão bem expôs: dinheiro, status, mídia, etc....

Agora, com o ventilador ligado, vamos ver o que acontece. Tudo tem sempre dois lados, Ou ela se recolhe, sofrega com a execração pública, ou inverte o jogo, como a maioria sempre faz. Pega uma carona no barulho da mídia, tanto faz se positivo ou negativo, e capitaliza em cima, claro. Evidência é evidência, tem que saber usar os holofotes.......é a selva.

Esse negócio de Moral, Ética, Bons Costumes..............isso é coisa para nós, ultrapassados, mas que graças ao bom Deus, não vamos abrir mão da dignidade.

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